Passei as mãos em meus cabelos negros e longos, encarando
quase sem piscar a pequena televisão à minha frente. Natália virou-se para mim
sorrindo, sei que queria me contar algo, porém achei extremamente justo eu deixa-la
se sentir na privacidade de contar somente se quisesse. Encarei seus olhos
brilhantes, ela sorriu ainda mais, sorri de volta para logo depois olhar para o
meu canto direito, tinha um casal se pegando ali, pouco se importando com o
professor logo em frente. Suspirei olhando de relance para a tela do meu
celular, brilhando, pude ver o nome escrito na tela “Drew” sorri. Acabou a aula, peguei minha
mochila e saí em disparada pela porta, fiquei encostada um pouco no corrimão,
esperando a Natália.
_Ei, você não sabe o que aconteceu!
_Não, o que? - olhei meio entediada para minhas unhas.
_Eu e o Drew, a gente vai sair, não, eu vou para a casa
dele... – sorriu e suspirou.
_A jura? – sorri evitando dar a perceber o ciúme que estava
sentindo naquela hora.
Ela ficou quieta para logo depois, me sair puxando pelo meio
da multidão, ficamos sentadas no banco perto da praça da escola. Vi ela
digitando desesperadamente no celular, lógico que tinha que ser SMS para o Drew
_Ele não me responde! – disse frustrada.
_Homens... – sorri e abri a mensagem do Drew.
“Te encontro sábado?”
Segurei para não sorrir, logo digitei de volta.
“Se a Natália não for ai, não quero ter uma discussão com
ela, amor”.
Sou do tipo de menina que comparando com as minhas outras
amigas, tenho mais juízo, sou mais avançada, dezesseis anos pode parecer pouco
aos olhos de um adulto, mas me sentia cada dia mais avançando a minha independência
. Eu sei que não deveria trai-la assim, principalmente a Natália que sempre foi
um anjo comigo. Nem sempre, na verdade. Quando nós erámos mais novas ela fazia
de tudo para me ver no chão, sempre fez questão de se destacar entre os meus
amigos para me deixarem de lado, carrego um pouco de birra vindo dessa época eu
sei, com certeza é birra. Mas meu relacionamento com o Drew vai além de
qualquer explicação, ou talvez, eu só esteja com ele pelo fato dela estar
também, só pelo motivo de estar de certa forma me “vingando” já bastava, talvez
não o amo assim.
Vesti meu vestido curto branco, coloquei uma sapatilha quase
transparente, não era para combinar o look, mas se saiu bonitinho, estou no
lucro. Abri a porta do quarto certificando que o mala do meu irmão não estava
em casa. Ok, tudo calmo, hora de sair. Fui na ponta dos pés para a porta de casa,
puxei a maçaneta e fui de encontro com o Drew.
No jardim de casa, fiquei digitando qualquer besteira para a Natália,
falando que estava deitada, sozinha em casa. Lógico que menti, mal ela sabe
quem vou visitar essa noite.
“Tô pensando em ir aí amiga, precisamos conversar”
Ops, fora de cogitação isso, não, ela não poderia ir em
casa. Gelei por dentro, odeio quando falam que precisa conversar comigo, me
lembro das coisas erradas que já fiz. Dezesseis anos, e toda estragada. Vi a
luz forte do farol iluminando minhas pernas brancas, me levantei, ajeitei o
vestido e sorri, desligando o celular e ignorando completamente minha melhor
amiga.
Sentei-me no estofado do carro, tirei a sapatilha e coloquei
meus pés no painel. Senti aqueles olhos azuis percorrer meu corpo, e então
senti sua mão extremamente quente tocando a minha, assustei um pouco e me virei
de frente para ele, que estava me encarando de uma forma indisfarçável. Ele rapidamente
me puxou para perto dele me dando um breve selinho, coloquei meu cinto de
segurança, e ele acelerou.
Continua...
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