18 de out. de 2013

Betrayed

Passei as mãos em meus cabelos negros e longos, encarando quase sem piscar a pequena televisão à minha frente. Natália virou-se para mim sorrindo, sei que queria me contar algo, porém achei extremamente justo eu deixa-la se sentir na privacidade de contar somente se quisesse. Encarei seus olhos brilhantes, ela sorriu ainda mais, sorri de volta para logo depois olhar para o meu canto direito, tinha um casal se pegando ali, pouco se importando com o professor logo em frente. Suspirei olhando de relance para a tela do meu celular, brilhando, pude ver o nome escrito na tela  “Drew” sorri. Acabou a aula, peguei minha mochila e saí em disparada pela porta, fiquei encostada um pouco no corrimão, esperando a Natália.
_Ei, você não sabe o que aconteceu!
_Não, o que? - olhei meio entediada para minhas unhas.
_Eu e o Drew, a gente vai sair, não, eu vou para a casa dele... – sorriu e suspirou.
_A jura? – sorri evitando dar a perceber o ciúme que estava sentindo naquela hora.
Ela ficou quieta para logo depois, me sair puxando pelo meio da multidão, ficamos sentadas no banco perto da praça da escola. Vi ela digitando desesperadamente no celular, lógico que tinha que ser SMS para o Drew
_Ele não me responde! – disse frustrada.
_Homens... – sorri e abri a mensagem do Drew.
“Te encontro sábado?”
Segurei para não sorrir, logo digitei de volta.
“Se a Natália não for ai, não quero ter uma discussão com ela, amor”.

Sou do tipo de menina que comparando com as minhas outras amigas, tenho mais juízo, sou mais avançada, dezesseis anos pode parecer pouco aos olhos de um adulto, mas me sentia cada dia mais avançando a minha independência . Eu sei que não deveria trai-la assim, principalmente a Natália que sempre foi um anjo comigo. Nem sempre, na verdade. Quando nós erámos mais novas ela fazia de tudo para me ver no chão, sempre fez questão de se destacar entre os meus amigos para me deixarem de lado, carrego um pouco de birra vindo dessa época eu sei, com certeza é birra. Mas meu relacionamento com o Drew vai além de qualquer explicação, ou talvez, eu só esteja com ele pelo fato dela estar também, só pelo motivo de estar de certa forma me “vingando” já bastava, talvez não o amo assim.
Vesti meu vestido curto branco, coloquei uma sapatilha quase transparente, não era para combinar o look, mas se saiu bonitinho, estou no lucro. Abri a porta do quarto certificando que o mala do meu irmão não estava em casa. Ok, tudo calmo, hora de sair. Fui na ponta dos pés para a porta de casa, puxei a maçaneta e fui de encontro com o Drew.  No jardim de casa, fiquei digitando qualquer besteira para a Natália, falando que estava deitada, sozinha em casa. Lógico que menti, mal ela sabe quem vou visitar essa noite.
“Tô pensando em ir aí amiga, precisamos conversar”
Ops, fora de cogitação isso, não, ela não poderia ir em casa. Gelei por dentro, odeio quando falam que precisa conversar comigo, me lembro das coisas erradas que já fiz. Dezesseis anos, e toda estragada. Vi a luz forte do farol iluminando minhas pernas brancas, me levantei, ajeitei o vestido e sorri, desligando o celular e ignorando completamente minha melhor amiga.
Sentei-me no estofado do carro, tirei a sapatilha e coloquei meus pés no painel. Senti aqueles olhos azuis percorrer meu corpo, e então senti sua mão extremamente quente tocando a minha, assustei um pouco e me virei de frente para ele, que estava me encarando de uma forma indisfarçável. Ele rapidamente me puxou para perto dele me dando um breve selinho, coloquei meu cinto de segurança, e ele acelerou.



                      Continua...


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